COVID-19 - Gerir a ansiedade em tempos incertos
O atual clima sociopolítico não tem precedentes na história moderna. A pandemia e a consequente recessão económica afetaram negativamente a saúde mental de muitas pessoas e criaram novos obstáculos para as que já sofrem de doenças mentais e distúrbios de uso de substâncias. O impacto negativo a nível da saúde mental e bem-estar são relatados como dificuldades em dormir ou comer, aumento do consumo de álcool ou consumo de substâncias, e agravamento das condições crónicas, devido à preocupação com o vírus. Para além disso, as medidas de saúde pública em curso expõem muitas pessoas a situações que prejudicam a saúde mental, como o isolamento e a perda de emprego.
Durante este tempo sem precedentes de incerteza e medo, a ansiedade é um dos sintomas mais reportados.
Fontes de stress e ansiedade
- Isolamento Social: como resposta à pandemia, a maioria dos governos exigiu o encerramento de empresas (não essenciais) e escolas, declarou obrigatoriedade de permanência em casa, e o apoio ao teletrabalho, encorajando o distanciamento social. A investigação relaciona o isolamento social e a solidão a má saúde mental e física. Estudos sobre o impacto psicológico específico da quarentena durante outros surtos de doenças indicam que estes podem levar a resultados negativos na saúde mental dos indivíduos, nomeadamente ansiedade e depressão. Há uma preocupação particular com a ideação suicida, uma vez que o isolamento é um fator de risco para o suicídio.
- Estigmatização: pessoas anteriormente infetadas pelo vírus e profissionais de saúde que contactam diariamente com o mesmo, podem experienciar mudanças no comportamento e estigmatização por parte de amigos e/ou familiares, devido a medos infundados de contrair a doença, mesmo que tenham sido considerados não contagiosos. Isto pode despoletar sentimentos de ansiedade, tristeza, raiva e frustração.
- Perda de emprego e insegurança nos rendimentos: a pandemia levou a milhões de perdas de emprego e a uma recessão económica mundial. A perda de emprego está diretamente associada ao aumento da depressão, ansiedade, angústia e baixa autoestima, e pode levar a taxas mais elevadas de consumo de substâncias. Estudos relatam que adultos que perderam o emprego durante a pandemia são mais propensos a relatar sintomas de ansiedade ou depressão do que adultos que não perderam o emprego.
- Burnout: muitos hospitais em todo o país estão sobrecarregados com o número crescente de hospitalizações devido ao COVID-19. Isto aumentou rapidamente as exigências dos profissionais de saúde da linha da frente, alguns dos quais também estão sobrecarregados com a escassez de recursos. Estes profissionais relatam sentimentos de depressão, ansiedade e carga psicológica geral. O risco de suicídio nestes casos também é elevado.
Consegue identificar como avalia o estado da sua saúde mental?
Até Breve
Catarina Abrunhosa
